Dispersão pós-natal de Coruja-das-torres no Vale do Tejo

O projecto TytoTagus teve a sua origem em estudos realizados na Ponta da Erva (Estuário do Tejo), que sugeriam a grande importância daquela área como uma zona de alimentação para juvenis de Coruja-das-torres (Tyto alba) em dispersão. Embora os números obtidos em transectos variem anualmente, a abundância de corujas pode atingir um máximo de 5 aves/km (até mais de 15 aves/km em algumas parcelas). Estes valores de abundância são únicos na Europa e, possivelmente, no mundo, estando provavelmente associados às características de habitat e à localização da área: uma paisagem agrícola aberta, com uma extensa rede de valas localizada no Estuário do Tejo e em algumas dos seus afluentes.

Apesar de a Coruja-das-torres ser conhecida por dispersar em direcções aleatórias, vários autores referem a tendência dos juvenis em dispersarem ao longo dos cursos de água, no sentido de obterem áreas de caça mais favoráveis, dado que a vegetação ripícola assegura melhores condições de micro-habitat para as presas (principalmente micromamíferos). A localização da área de estudo na vizinhança de um estuário pode justificar a ocorrência destas aves, se se confirmar a hipótese de que o rio Tejo e seus afluentes podem funcionar como corredores ecológicos para os juvenis em dispersão.